Teatro e Marionetas de Mandrágora

o Portão

criação raiz em cena

a narrativa da descodificação da solidão dos seres

M.12 . 01h00
o Portão
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O “Portão” é uma criação elaborada a partir do diálogo entre uma atriz e um escritor, distanciados física e psicologicamente pelo espaço do confinamento forçado. Uma criação que acompanha a narrativa da descodificação da solidão dos seres.
Dois seres num local à beira-mar falam entre si, num espaço e tempo indefinido. Desafio do poder da interpretação dos objetos, numa relação que confronta o ator-marionetista e a capacidade de manipulação com poder dramático da figura em movimento em cena.

Uma das personagens, cujo nome se altera a cada frase, está em constante viagem. Ponderando-se sobre essa sua necessidade, será procura, busca, fuga, ficam no ar interrogações para a nossa incapacidade de muitas vezes estarmos parados e dedicarmos tempo ao pensamento e à fruição pessoal de pequenas e simbólicas coisas que acontecem em torno de nós e que necessitam de tranquilidade calma e tempo para serem saboreadas. A segunda personagem habita aquele local, junto ao mar e tem a função de todas as manhãs abrir um portão que depois encerra diariamente pela tarde antes do pôr-do-sol. Assim esta personagem é confrontada pelo sentido da sua função, encerrar algo que a todos pertence e a questão da propriedade sobre tudo o que nos rodeia. A função de abrir e fechar o portão que impede a todos o acesso a essa fruição é uma posição de questionamento ou meramente de executante.
Esta criação nasce de um diálogo à distância entre a atriz e um psicólogo e escritor. Este texto, original, escrito em 2021, reflete sobre os objetivos, confrontando ambições e desejos com obrigações e funções do ser humano na sociedade que o envolve. A criação alia a imagem ao texto, conjugando atores com figuras repletas de simbolismo. A opção foi a de recorrer a técnicas de interpretação imbuindo na marioneta a capacidade discursiva, criando a narrativa através da figura acentuada do ator objeto. Esta criação confronta a capacidade de interpretação dos objetos e das figuras aliando o ator, ao ator manipulador.
Durante o processo de pandemia vivido em Portugal, surgiram muitas conversas escritas e ao telefone, diálogos filosóficos, que ponderavam sobre o comportamento humano, as nossas ambições, ansiedades, frustrações, e tornou-se claro na construção desta narrativa que a cena seria o destino desta conversa a ser partilhada com o público. O processo de monólogos com marionetas e objetos são travessias de muito esforço físico e mental porque fazem toda a desconstrução do simbolismo que à partida os mesmos possuem.

ficha artística

INTERPRETAÇÃO, MANIPULAÇÃO E ENCENAÇÃO Filipa Mesquita
TEXTO Paulo Carmo
MARIONETAS Rúben Gomes
CENOGRAFIA Cirilo Reis
FIGURINO Cláudia Ribeiro
COSTUREIRA Alexandra Barbosa
BORDADOS Anja de Salles
VÍDEO Paulo Pinto
MÚSICA CÉNICA Hélder Duarte
DESENHO DE LUZ César Cardoso
DESIGN Paulo Sá
FOTOGRAFIA Margarida Ribeiro
ACOMPANHAMENTO ARTÍSTICO Clara Ribeiro
PRODUÇÃO EXECUTIVA Hélder David Duarte
PRODUÇÃO Teatro e Marionetas de Mandrágora
APOIO República Portuguesa - Cultura, DGARTES – Direção-Geral das Artes, Município de Espinho/Câmara Municipal de Espinho, Município de Gondomar, Município de Vila do Conde
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA esta criação foi concebida em residência artística no Teatro Municipal de Vila do Conde

depoimentos

Nos últimos tempos acompanhei sempre este grupo, mas escrevi pouco por vários motivos: falta de tempo, exaustão, esgotamento, para evitar ferir egos com alguma confusão provocada pelo lado impessoal destas plataformas. Ainda assim acompanhei cada momento, como se me estivesse a agarrar à vida, pela importância que este processo tem para mim. Não sou pai, mas qualquer coisa que sai de nós tem algo de filho, não pode ser por acaso que chamamos cria, nós criamos, idealizamos, mas a dado momento sai-nos das mãos deixa de ser nosso.

É tão assustador como fantástico, sermos o arco que lança a seta, como referiu o khalil Gibran. Deixar ir algo que vai ser sempre nosso, mas que, ao mesmo tempo, se torna algo novo é um ato de amor, de entrega e partilha. Algures no tempo foi apenas meu, tornou-se nosso e agora espalhou-se, como eu e a Filipa pudemos sentir no dia depois da peça, pela voz de alguém que fez questão de nos transmitir o quanto o que todos fizemos ainda estava a mexer consigo. A arte é um paradoxo inútil e egoísta que é absurdamente necessário e comunitário.

Numa altura em que simplificamos o complexo, com rótulos como bom e mau, certo e errado, complexificamos o simples porque é difícil expor-nos e mostrar emoções. Até nisso a arte é um paradoxo, criamos metáforas, vestimos personagens e, no fundo, estamos nus até ao fundo da alma e quem se identifica acaba da mesma forma, por vezes sem sequer se aperceber.

Desculpem este testamento da parte de quem pouco aqui escreveu nestes tempos, mas é a minha forma de mais do que agradecer dar algo de mim a todos vocês que mais do que corpo deram alma a algo que é agora maior do que todos nós, não porque eu a tenha escrito, mas porque todos avivemos. Obrigado.

- Paulo Carmo / OUTUBRO 23, 2023

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