Marés

projeto comunitário

As repercussões do trabalho artístico na comunidade permitem considerá-lo uma excelente ferramenta de empoderamento da pessoa com vulnerabilidade. Vários projetos implementados por diferentes organizações artísticas levam a concluir que se verificam melhoramentos comportamentais integrativos nos meios.
O apoio governamental ao desenvolvimento de diversos programas nesta vertente são um relevante elemento facilitador de várias associações e instituições, que se debruçam ativamente sobre esta temática, criando projetos de desenvolvimento social através da arte.

“O conceito Educação pela Arte foi sendo objeto de reflexão de alguns pedagogos, filósofos e até historiadores, enquadrando-se na emergência de 'novos valores e conceitos' em contextos de transformação de caráter social, económico e ideológico. Assim, surgem vários escritos, nacional e internacionalmente, produto de preocupação e reflexão.” (Meira, 2015).
Em linha com deste pensamento, o trabalho apresentado demonstra a importância da prática artística nas comunidades que acolhem indivíduos com diferentes vulnerabilidades, de distintos escalões etários.

Embora Morin tenha uma visão muito clara do nosso processo de pensamento e dos seus “princípios ocultos”, a sua visão das coisas e do mundo é deturpada por crenças e, acima de tudo, com o objetivo de apagar o véu sobre um pensamento generalizado que o indivíduo em situação de debilidade usufrui apenas do contacto artístico como positivismo social, sem que isso seja devidamente analisado. O criador de arte e o seu potencial criativo são fundamentais nessas comunidades segregadas socialmente. (Morin, 2005)

M.3 . 01h00

Ao adormecer sinto-me embalada pelo som das ondas do mar. Quando o calor aquece a areia, salto em pontas dos pés sentindo os meus pés enterrando-se e sentindo a frescura da areia molhada pelo mar. Deixo o meu corpo ser empurrado pela corrente. E quando mergulho na água os sons são abafados, ecoam ao longe as vozes mas sobretudo sinto o silêncio olho por instantes um mundo tão longe e tão perto. À noite conto o número de pequenas luzes trémulas que se vêm na linha do horizonte e imagino o que levam e para onde vão. Nos dias de verão procuro nas pequenas poças, bichinhos, toco nas algas escorregadias. Nos dias em que passeio na praia gosto de apanhar conchas que sobreviveram às rochas, e paus secos amaciados pelas ondas. No verão gosto de fechar os olhos, encostar a cabeça na toalha e ouvir as vozes das crianças e os sons abafados da praia habitada.
Sentir a areia levada pelo vento…
Ver a maré subir e sentir o pequeno medo da onda que se aproxima dos nossos pés. Gosto de mergulhar os pés na água e sentir que eles se vão enterrando na areia. Gosto de sentir a onda a trazer a água fria ao corpo aquecido pelo sol.

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